Quem foi Erika Irma Glufke?
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Filha de alemães que migraram para o Brasil em 1909 Carl, agricultor, e Elise Glufke, parteira. Erika nasceu em Neu-Württenberg, atual cidade de Panambi-RS e foi a oitava de um total de dez filhos. Ainda criança mudou-se com a família para Porto Feliz, hoje Mondaí. Devido a uma tuberculose nos olhos, começou a perder a visão, o que a levou à Porto Alegre para fazer um longo tratamento, obtendo sucesso em sua cura.
Quando o Brasil se envolveu na II Guerra, a formação de enfermeiras se fez necessária, levando Erika a fazer o curso de formação da Cruz Vermelha, concluído em 1942, no entanto, não chegou a ser enviada para Europa. Trabalhou como enfermeira em Joinville/SC e em Lajeado/RS onde morou com sua mãe e alguns dos seus irmãos. Após um período, voltou a Porto Alegre para procurar emprego e em setembro de 1945 foi contratada por uma família de Caxias do Sul para cuidar da filha recém-nascida por 2 meses inicialmente, mas acabou ficando ligada a essa família até sua morte em 20/08/1991, aniversário de 46 anos de Heloisa, a menina que havia ido cuidar.
Erika tinha duas famílias, a de sua origem e a de adoção. A menina, que ela ajudou a cuidar, era como se fosse sua filha, e quando Heloisa teve seus próprios filhos estes lhe chamavam carinhosamente de Oma (vovó em alemão), se tornado madrinha da menina.
Ela morou a maior parte destes 46 anos com a família de Caxias do Sul e se tornou uma caxiense convicta, participando das atividades comunitárias, inclusive ligadas a cultura italiana. Se integrou totalmente a família que adotou, cuidando da casa, dos filhos, dos netos, além dos projetos, eventos e reformas. Administrava integralmente a casa e as pessoas que ali iam trabalhar, onde mantinha horta, frutas e muitas flores, em especial as orquídeas espalhadas pelas árvores do entorno da casa. Administrava também uma propriedade rural que a família possuía, sendo responsável pela manutenção da “colônia” como propriedade produtiva.
Se manteve enfermeira toda a vida, cuidava de todos que necessitassem, tanto de uma família como de outra, e sempre que nascia uma criança lá estava ela para acompanhar os primeiros dias do bebê e de sua mãe até que essa estivesse forte e segura o suficiente para prosseguir sozinha. Morava onde e com quem estivesse precisando dela.
Administrando a “Colônia” começou a se interessar por apicultura, fez cursos e participava de encontros e congressos de apicultores inclusive em outros estados brasileiros. Produzia mel tanto na “colônia” como na casa da família, no centro da cidade, onde mantinha suas colmeias nos terraços da casa, estes sempre com as portas trancadas para resguardar das crianças. O mel produzido por ela, puro ou nas receitas cheias de afeto que preparava, fazia parte da dieta diária de toda família. Gostava de explicar para as crianças como era incrível e complexa a vida das abelhas e os benefícios do mel para a saúde. Sempre tinha um “xarope” milagroso feito com mel pronto para qualquer mal-estar.
Erika, Nuca, Eca, Oma foi uma de tantas mulheres que fizeram a história da nossa região com sua força, coragem, simplicidade e amor. Uma mulher pioneira em fazer suas próprias escolhas de vida, fiel aos seus princípios, sempre aberta as culturas, ideias e novidades que deixou muita saudade e admiração em todos que tiveram o privilégio de conviver com ela.
Angela Bergamaschi Geremia, gerente de marketing da Multiflon, teve a felicidade de conviver com sua “oma” e encontrou, ao idealizar o caminho das abelhas e batiza-lo com o nome Erika Irma Glufke, uma forma de eternizar seu conhecimento a esta que foi, como as abelhas, um ser de luz e transformação.